domingo, 18 de dezembro de 2011

Marcovaldo - Melhor Direção no III Festival de Cinema da Fronteira


O Juri da Mostra Binacional do III Festival de Cinema da Fronteira anunciou na noite de ontem (17) os filmes vencedores nas 12 categorias previstas para os 30 curtas oriundos do Brasil e do Uruguai. Marcovaldo recebeu o prêmio de Melhor Direção e o trófeu foi entregue em mãos aos diretores Cíntia Langie e Rafael Andreazza, que participaram do festival juntamente com Alexandre Mattos e Eduardo Varela, também pertencentes da equipe Moviola. 
A receptividade do público com Marcovaldo foi muito positiva em um Festival autêntico, que em sua terceira edição trouxe a Bagé quatro mostras diferentes e contou com a participação de nomes de destaque do cinema brasileiro - Jean-Claude Bernadet, Helena Ignês, entre outros. O festival foi também acompanhado pelo crítico Cid Nader, que publicou sua opinião sobre todos os curtas da Mostra no site Cinequanon.
Leia abaixo a crítica de Nader sobre o curta pelotense:


Crítica de Cid Nader

Marcovaldo, de Cíntia Langie e Rafael Andreazza. Brasil (RS), 14 min.

Belo e inteligente, Marcovaldo acaba parecendo um emaranhado de soluções e sacadas amontoadas, que resultam um filme de dinamismo raro, e fluido, muito fluido. Não se sabe exatamente qual a direção que a história tomará, por um início de caráter quase onírico, que tira um trabalhador da cama ao som das ruas. Marcovaldo é um catador de lixos, e a utilização das imagens dos personagens, correndo atrás, ou saltando, do caminhão, é de grande qualidade e beleza visual: bom aproveitamento da iluminação noturna, das diferenças de texturas dos locais. Com criação de historietas paralelas a esse processo (algumas de humor descartável, outras com mais acerto) que impõe uma variação interessante ao dinamismo inicial acontecido na casa do trabalhador.

Tanto essa variação do ritmo (as esquinas, os lixos, as pessoas na rua, as conversas com os amigos), com a alternância com o que sucede no ambiente familiar (e em seu entorno), são os principais responsáveis pela qualidade de um curta que já seria bom se privilegiasse “somente” os atos estéticos como condutores “físicos” das bandas técnicas. O mote amoroso de um pai e de uma família simples complementam (na realidade dão estofo) à excelência mecânica, fazendo com que arte que privilegia a imagem como a essência principal, ganhe complemento humano: e acaba-se por ter um cinema mais na sua completude ideal.

P.S.: há a sugestão de livre inspiração em “Marcovaldo, ou as Estações na Cidade”, de Ítalo Calvino.

Texto disponível em: http://www.cinequanon.art.br/




Além dos 30 curtas da Mostra Competitiva Binacional, o Festival exibiu diversos longas brasileiros e uruguaios. Um dos pontos interessantes do evento foi a Mostra Competitiva Regional, somente com produções de Bagé - foram 28 curtas produzidos na cidade nos últimos anos, pela comunidade local.

Para mais informações acesse http://auroradecinema.wordpress.com.
E veja aqui a lista de todos os prêmiados da Mostra Binacional:

MELHOR DESENHO DE SOM – filme CORNETEIRO NÃO SE MATA, de Pablo Müller, do Rio Grande do Sul
MELHOR TRILHA SONORA – filme CÉU, INFERNO e OUTRAS PARTES DO CORPO, de Rodrigo John, do Rio Grande do Sul
MELHOR MONTAGEM – Filme Asfixia, de Fábio Aguiar, de São Paulo
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE – Filme SETE VOLTAS, de ROGÉRIO NUNES (SP)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE – Ágatha Barbosa pelo  Filme Antoninha, de Laércio Ferreira, da Paraíba
MELHOR ATOR -  MIGUEL RAMOS pelo filme A Invasão do Alegrete, de Diego Müller, do Rio Grande do Sul
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE – Sôia Lyra pelo filme Doce de Coco, do Ceará
MELHOR ATOR COADJUVANTE – Danny Gris, pelo filme UM CONTO à DERIVA, de Germano Oliveira (RS)
MELHOR FOTOGRAFIA – Filme PRONTA ENTREGA, de ANDRÉ MIGUÉIS, do Rio de Janeiro
MELHOR ROTEIRO – Filme O BRASIL DE PERO VAZ CAMINHA, do Rio de Janeiro – roteiro assinado por Tânia Carvalho, Cecília Vasconcellos, Bruno Laet e Janaína Diniz Guerra.
MENÇÃO HONROSA – Filme documentário MATO ALTO – PEDRA POR PEDRA, de Arthur Leite, do Ceará
MELHOR DIREÇÃO – filme MARCOVALDO, de Cíntia Langie e Rafael Andreazza, de Pelotas, Rio Grande do Sul
MELHOR FILME – O Céu no andar de baixo, de Leonardo Cata Preta, de Minas Gerai

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